Os ex-amigos de ACM Neto – Maurílio Fontes
O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, não está na melhor fase de sua trajetória política, mesmo após ter sido o grande responsável pela eleição do sucessor no primeiro turno na capital que governou por oito anos.
A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e o posicionamento da bancada baiana do DEM, que se jogou nos braços do alagoano Arthur Lira, geraram o rompimento de Neto com o deputado federal Rodrigo Maia, ex-presidente da câmara baixa.
Maia anda falando cobras e lagartos de Neto, que rebate as acusações, mas sem convencer-nos sobre a realidade dos fatos.
Agora, com a nomeação do deputado federal João Roma para o Ministério da Cidadania, ACM Neto tenta fazer parecer que não tem nada a ver com o fato político.
Será que o presidente Bolsonaro deu um “banho de cuia” no ex-prefeito de Salvador ao nomear Roma para um ministério estratégico?
O presidente do Democratas afirma que não concorda com a indicação de Roma e mais: diz que tentou convencer o amigo a não aceitar o convite.
“Considero lamentável a aceitação, pelo deputado João Roma, do convite do Palácio do Planalto para assumir o Ministério da Cidadania. A decisão me surpreende porque desconsidera a relação política e a amizade pessoal que construímos ao longo de toda a vida”, disse Neto em nota.
A declaração acima, extraída da Folha de São Paulo, indica que ao desconsiderar a relação política e a amizade pessoal mantida com ACM Neto, o deputado federal João Roma, que deve sua eleição em 2018 ao ex-gestor soteropolitano, pode ser incluído no rol dos ingratos, tão comum na política?
O tempo nos apresentará a resposta.
E mais do que isso: tornará cristalina a verdade, seja ela qual for, ou jogará luz sobre o possível jogo de cena de ACM Neto para manter-se distante da indicação de Roma.
Os deputados federais do DEM da Bahia – Arthur Maia, Leur Lomanto, Paulo Azi e Elmar Nascimento – não fazem questão de esconder suas relações umbilicais com o centrão e o presidente Bolsonaro.
Em sentido contrário, o líder político do quarteto demista nega qualquer tipo de vinculação com o governo federal.
Para os deputados da bancada baiana do DEM, o Ministério da Cidadania, ao qual terão acesso privilegiado, pode ser o alavancador de uma série de ações em suas bases eleitorais visando garantir votos em 2022.
Difícil acreditar que os interesses dos deputados Arthur Maia, Leur Lomanto, Paulo Azi e Elmar Nascimento no plano nacional estejam em dissonância com a estratégia política/eleitoral de ACM Neto.
Equilibrar os interesses dos deputados e o posicionamento político de não alinhamento automático com o presidente Bolsonaro são desafios imediatos de ACM Neto nestes dias de Carnaval sem Rei Momo e nem trios elétricos nos circuitos momescos de Salvador.
Neste imbróglio, alguém poderá perder a fantasia na quarta-feira de Cinzas e amizades construídas ao longo de uma vida.
E votos na eleição de 2022, já que a Bahia é o estado que mais rejeita o presidente da República.
Aqui, Bolsonaro não é (ou será) bom companheiro de jornada em uma eleição majoritária